Live será transmitida no próximo sábado, no canal que a FAU possui no YouTube
Camila Caetano – especial para o Diário
Com toda certeza, em outras épocas já enxergamos os museus e as mais renomadas galerias como os únicos centros onde a arte pudesse se materializar, e ser exposta. Entretanto, com o advento da cultura urbana, e a força que o movimento ganhou em Nova York, na década de 70, essa ideia vem sendo cada vez mais desmistificada. Hoje em dia, é comum caminharmos pelas ruas da cidade e nos depararmos com as mais variadas intervenções artísticas, seja a música, o grafite, ou a declamação de poesias, por exemplo. Na Arte Urbana, a preferência pelos espaços públicos é dada pela revolução, e descentralização que essa substância pretende provocar na sociedade, impactando o público.
Em Petrópolis, não é preciso ir muito longe para apreciar uma dessas manifestações. Na Praça Rui Barbosa – mais conhecida como Praça da Liberdade por ser o local em que os ex-escravos compravam a sua carta alforria, existe um painel intitulado “Líderes Femininas Afro-brasileiras” grafitado pelo artista urbano Doug (Rodrigo Lacerda), no dia da Consciência Negra em 2016. O que muitas pessoas não sabem, é que além de Doug ser autodidata, ele foi aprovado no edital Cultura Presente nas Redes da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do estado, e, no próximo sábado ele pintará uma tela ao vivo no Festival de Ativação Urbana (FAU) onde a mesma será rifada, e todo o valor será revertido para um projeto social petropolitano.
Ele conta que começou a ter acesso à cultura urbana na época em que andava de skate e ouvia hip-hop, na sua adolescência e, inicialmente, se atraiu pelo grafite. Desta forma, sozinho, começou a pesquisar e desenvolver estudos até encontrar uma vertente com a qual se identificasse. Hoje em dia, já participou de diversas exposições do Sesc, e considera o mural da Praça da Liberdade um de seus trabalhos mais importantes, junto com evento internacional de grafite que participou, e com sua primeira exposição individual.
– Sempre gostei de desenhar. Quando tive contato com a cultura urbana, me atraí pelo grafite, e sempre busquei características alternativas para estruturar minha arte. Com o tempo, sair para pintar a rua à tarde com os amigos, não atendia tanto o que eu queria fazer, eu queria explorar as minhas linhas e minhas pesquisas. Aderi uma vertente onde eu tinha a rua como suporte, e ao mesmo tempo podia expressar os sentimentos que existem dentro de mim, na minha linha de pesquisas, utilizando as ruas como base. Fazia isso paralelamente com as pinturas em tela – contou o artista, relembrando que quando começou, os materiais e as referências eram escassas, mas isso o motivou ainda mais.
Cultura Presente nas Redes:
Muitas pessoas não sabem, mas, em abril, a Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro (SECEC-RJ), lançou o projeto Cultura Presente nas Redes, com o intuito de auxiliar às pessoas que trabalham em alguma esfera da arte, no estado. Foram investidos R$ 3.750 milhões e 1.500 projetos foram selecionados, recebendo o valor de R$ 2.500 cada um, para investir em produção cultural através de canais digitais.
Doug, que nasceu em Minas Gerais, mas reside em Petrópolis, é um desses artistas que selecionados. Ele ministrará uma oficina online de produção de pigmentos e pintura natural.
– Fui aprovado no edital da SECEC, e o meu projeto se enquadra justamente nos moldes de tecnologia e quarentena, pois, vou ministrar uma oficina à distância. A mesma será de produção de pigmentos e pintura natural, com pouquíssimos recursos, justamente para alcançar às pessoas que estão em casa e sem os materiais necessários para explorar alguma forma de artes visuais nesse momento – contou ele, que continuou:- por mais drástico que seja o momento, ele é uma oportunidade de reflexão da própria humanidade, de entender que o caminho que seguimos há muito tempo não é mais viável. Exploramos demais a natureza, e a cultivamos de menos. Muitas coisas precisam ser mudadas, entretanto, novamente, a arte se pronuncia com muito vigor e se faz uma ferramenta muito necessária para esse momento que vivemos – ressaltou Doug.
Outras informações sobre a oficina serão publicadas em breve em seu perfil no Instagram (@doug.artes).
Festival de Ativação Urbana:
Desta vez, o Festival de Ativação Urbana englobará música e arte visual. A proposta é fazer com que os ambientes urbanos sejam recriados de maneira virtual, com o intuito é ativar a lembrança das aglomerações, onde aconteciam as manifestações de cultura urbana, visto que em função do isolamento, muitos artistas urbanos perderam seus palcos. Esta foi uma forma encontrada para unir os elementos de cultura, e gerar um financiamento que será direcionado para instituições sociais.
Na ocasião, Doug pintará uma tela ao vivo, que será rifada e o valor arrecado será doado para o Projeto Grão, uma instituição que possui base em Petrópolis e zela por ações sociais e amor ao próximo.
– Faço muitas oficinas em projetos sociais, todas elas me marcaram e ainda me marcam muito. É uma sensação única e diferente, por mais que eu esteja ali pra ensinar, sou eu que acabo aprendendo. Compartilhar conhecimento é lindo e, por isso essa ação com a FAU é a combinação perfeita, pois, além de levarmos a cultura urbana pra dentro da casas das pessoas, também ajudaremos o próximo, revertendo os valores arrecadados para as instituições que necessitam. No caso da rifa da minha tela, o valor será revertido para o Projeto Grão, que é um instituição com que eu já tenho afinidade e desenvolvo alguns trabalhos – informou o artista.
A live será realizada no próximo sábado, dia 22, a partir das 12h no canal do YouTube da FAU Rio.
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