Para gravação de músicas, artista realiza trabalho com suculentas
Camila Caetano – especial para o Diário
Para a maioria da população, a pandemia e suas consequências surgiram como um fator que provocou atrasos de diversas esferas nas vidas das pessoas, ao ponto de 2020, já ter sido apelidado como “o ano perdido”. Apesar de o caso ser o que, com razão, constata-se na maioria das vezes, ainda é possível perceber, que, graças a uma situação árdua como esta, algumas pessoas tiveram seus caminhos iluminados, de forma a conseguirem enxergar aquele que realmente deseja se seguir. Neste espectro, enquadra-se Matheus Lima, um petropolitano de 29 anos e é mais conhecido como Teko. Ao longo de sua trajetória ele obteve diversos cargos executivos, entretanto, desde meados de março, ele decidiu abandonar essa carreira, para voltar para Petrópolis e viver do cultivo de suculentas, e correr atrás de seu sonho, que é ser rapper.
Apesar da luta por esse objetivo ser recente, o sonho é antigo. Teko vem de uma família nordestina e seu primeiro contato com o rap e com a improvisação, surgiu pelo repente (uma técnica de improviso oriunda do Nordeste). Segundo o artista, o passar do tempo fazia com que esse desejo fosse cada vez mais difundido em seu interior, visto que durante a adolescência, desenvolveu admiração por alguns grupos do gênero, e também teve contato com o rap na escola, através de artistas locais. Ele participou de diversas batalhas pelo estado, no entanto, cercado pelo medo do fracasso profissional, ao ingressar na faculdade, se afastou da música.
– Parte da minha família é do Nordeste, então eu ouvia muito repente, ficava brincando de improvisar, e o meu primeiro contato com o rap foi assim, pelo improviso. O repente pra mim já era o rap. O tempo foi passando e eu fui conhecendo pessoas. Conheci o Durango Kid e o irmão dele, na época, eles eram um ano mais novo que eu, e já se apresentavam no colégio. Eu achava aquilo maneiro, fazia uns improvisos brincando, e fui me jogando nisso. Comecei a ir pro Rio, e participar de batalhas como a do Conhecimento, e a do Um Real. Em 2012 fui campeão petropolitano no confronto final, e participei também de diversas batalhas pelo estado – contou o rapper. Ele continuou:- eu nunca me jogava de cabeça por que eu tinha medo de não ganhar dinheiro. Sob pressão, entrei na faculdade e procurei um trabalho de carteira assinada, e me afastei um pouco da música, mas, a música sempre esteve presente em mim – revelou Teko, salientando que admirava músicos e grupos como Gabriel Pensador, Black Alien, Planet Hemp, e afins. Ele também destaca que participou da fundação da Roda Cultural de Botafogo, que foi uma das mais importantes no movimento.
O despertar:
Para fazer o que ama, é preciso ter coragem, mas, em algumas vezes, damos muitas voltas antes de chegarmos ao momento limite, que faz com que nos lancemos ao precipício dos sonhos. Com Teko não foi diferente. Antes de perseguir o seu desejo de trabalhar com o rap, ele deu início ao curso de direito, na Universidade Católica de Petrópolis, e também era professor de Inglês no curso Brasas. Em dado momento, ele trancou esta faculdade e foi estudar Relações Internacionais no Rio de Janeiro, e se manteve professor no Brasas, mas, dessa vez, em Copacabana. Por final, Teko foi morar em Búzios e cursava hotelaria na federal de Cabo Frio.
– Comecei todos esses cursos, e não me formei em nenhum. Sempre amei a música, mas, não tinha coragem para tentar. No meio da pandemia eu tinha um cargo de supervisão em hotéis, e ganhava muito bem. Tive pousadas, hostel, e guesthouse em Búzios. Financeiramente, eu estava bem. A pandemia me fez despertar nesse sentido. Eu larguei tudo isso para começar a produzir vasos de argamassa, feitos a mão. Eu moro num sítio, comecei a plantar suculentas para vender com os vasos e até então, essa tem sido a minha renda. Agora eu me sinto melhor, mais leve, e bem mais inspirado. A insegurança sempre me atrapalhou. Eu sempre me preocupava em ser aceito pela minha profissão ou pela minha renda, entre a família, e os amigos. Agora me importo mais com a realização pessoal, pois, estou fazendo o que eu amo. Independente do meu salário e de onde isso vai dar, eu me sinto feliz, e vivo mais leve comigo mesmo – informou Teko, contente com a sua escolha.
Trabalho com as suculentas:
Ele pontua que possui uma barraca itinerante onde vende as suculentas, dessa forma, as gravações das músicas variam de acordo com o sucesso das vendas. Até o momento, ele já tem nove músicas gravadas e está focado no seu objetivo de lançar o seu primeiro clipe antes do final do ano. Até pouco tempo, era comum encontrar Teko com sua barraca montada à beira das rodovias de Itaipava, no entanto, atualmente ele foi convidado pelo Shopping Vilarejo a se estabelecer por lá, e dar aulas de plantação às crianças, em função da primavera.
– Sempre gostei de mexer com a terra, e com as plantas. Comecei a fazer isso pra levantar um dinheiro, e partir daí, fui vender os vasos na rua. Agora o Shopping Vilarejo, em Itaipava, me chamou para fazer uma atividade, de ensinar as crianças a plantar por causa do desmatamento, e em função da primavera. Estou com minha barraquinha lá. O dinheiro que consigo vendendo as plantas é o que uso para gravar as músicas – contou o artista, ele complementa:- Tenho curtido bastante essa experiência, sempre gostei das plantas e da natureza, mas, o que mais me animou é que tudo começou com um projeto do shopping, para incentivar as crianças a plantarem no dia-a-dia, e eu amo as crianças também – reforçou.
Seu primeiro single se chamará “Sonhos” e contará um pouco de sua história. O artista também realiza uma vaquinha virtual para a gravação dos seus primeiros clipes.
Clique aqui para acessar a vaquinha Teko Em Busca de Um Sonho.
Para quem deseja conhecer mais o seu trabalho, ou ainda, obter outras informações, basta acessar o perfil de Teko pelo Instagram @tekoteleko.
Curte a cena do Rap? Então vem conhecer Lucas Sixel, produtor cultural, articulador da Roda Cultural e vice-presidente da Nação Hip-Hop Petrópolis, clique aqui.