Estilista e advogada decide direcionar mais energia para o projeto durante a pandemia
Camila Caetano – especial para o Diário
Quem já teve ou ainda tem contato com confecção, sabe da grande quantidade de resíduos gerada pelos restos de tecido utilizados na produção das roupas. Para algumas pessoas, os mesmos não passam de lixo, entretanto, para aquelas que possuem um olhar sensível às tendências que a natureza requer na atualidade, esses elementos são matérias-primas para serem utilizados na produção de novos vestuários. Esta é a proposta do Ateliê Piera Portela, uma marca petropolitana que iniciou suas atividades no ano passado, e, mesmo com as reviravoltas ocasionadas pela pandemia, tem ganhado mais impulsão neste momento. Prova disto, é que Piera – CEO e designer da marca, garante que uma nova coleção será lançada em breve.
A marca que estreou no 1° Encontro In Voga organizado pelo Bazar 702, também marcou presença em algumas formaturas da Kling Model Management, fez collab com as marcas Soma, e Vetex, entre outras participações e parcerias, igualmente importantes. Uma coisa que nem todo mundo sabe ou espera, é que Piera, CEO da marca, se tornou estilista por experiência e vocação. Ela cursou direito na PUC-Rio, no entanto, desde a infância cresceu cercada pelo ambiente “fashion”.
– Sempre gostei de moda, minha família tem história no ramo têxtil.
Na época do ensino médio, eu pensei em prestar vestibular pra esse curso, mas, fiquei meio na dúvida, pois, não é fácil obter reconhecimento nesse setor. Senti medo. Aí eu fiz direito, incluindo as provas da OAB. Cheguei a trabalhar com isso, contudo, nunca foi uma coisa muito fluida pra mim, nunca me encontrei muito na área, e voltei a trabalhar com moda, com os meus pais. Com eles, eu trabalhava na parte de estilo de criação dos modelos, e fazia as produções das fotos. Coisas que gosto bastante – contou Piera.
Apesar de gostar da área em que atuava, Piera contou que tinha algumas ressalvas. Uma delas, a exemplo, era o destino que os restos de produção recebiam na maioria das vezes. Dessa forma, enxergou o seu propósito no slow fashion e no upcycle – técnica de reaproveitamento dos tecidos que seriam descartados.
– Também percebi que trabalhar com moda, por ela própria, para mim já não fazia mais sentido. Sempre consumi coisas de brechó e isso me fez olhar pro consumo e pra produção de roupa desenfreada (fast fashion) de forma diferente. Assim, também comecei a observar com mais cautela, o descarte de retalho e restos de produção, já que para quem trabalha em larga escala, esses materiais não têm nenhuma funcionalidade. A partir disso, tive a ideia de criar um brechó, e fazer umas peças com esses elementos. Comecei a pesquisar e descobri que existia o upcycle, que é o reaproveitamento de tecidos que seriam descartados. Encontrei um propósito nisso, pois, consegui unir a moda à sustentabilidade – revelou a estilista, sobre o surgimento da sua marca.
Após ficar parado, ateliê retoma com total energia:
Segundo a advogada e estilista, pelo fato de sempre ter algum outro trabalho prioritário, a sua marca sempre acabava ficando um pouco de lado. No entanto, as coisas mudaram este ano. Com o surgimento pandemia, tudo conspirou para que os rumos que sua vida vinha tomando sofressem alterações. Dessa forma, decidiu se dedicar e direcionar mais energia a sua marca. Dada as reviravoltas, ela diz que seu atelier ficou parado por um tempo, mas, agora, retomou as atividades com energia total.
– Meus pais sempre me deram muita força, apoio, e espaço. Sempre fiz muita coisa dentro da fábrica deles. Mas, ainda tinha meu trabalho, de onde vinha meu salário e eu precisava cumprir as obrigações e, nem sempre eu tinha muito tempo para colocar a mão na massa. Minha marca acabava sendo um pouco amadora, eu costumava fazer tudo sozinha. Agora, veio a pandemia, as coisas na fábrica ficaram ainda mais apertadas e meu atelier ficou parado, pois, fiquei sem tempo. Até que, no final de agosto, decidi sair do meu trabalho para dedicar mais energia ao atelier. Já tem uma pessoa com bastante conhecimento no assunto que deve entrar somando forças nesse projeto junto comigo – pontuou Piera, ansiosa.
Nova coleção será lançada em breve:
Reza a lenda que sempre que ignoramos o nosso real destino, todos os outros caminhos que optamos por seguir se responsabilizam de nos levar até ele. Com Piera não foi diferente. Ela conta que apesar dos desafios de iniciar o próprio negócio, não se arrepende nenhum pouco de ter abandonado qualquer outra profissão para seguir o sonho que realmente lhe satisfaz. Devido ao ânimo, e às novas energias direcionadas ao atelier, ela diz que vem produzindo uma nova e pequena coleção, que será lançada em breve.
– Comecei a fazer uma coleção pequena, que será lançada em breve. Estou muito animada e confiante, pois, realmente me encontrei e acredito no que eu faço. Me sinto mais leve e mais realizada por causa disso. Tenho buscado colocar minha energia nesse projeto, e espero alcançar o maior número de pessoas possível para consumirem as peças sustentáveis, mas, especialmente, para conscientizá-las a respeito desse tema. Quero passar a trazer bastante conteúdo no que tange a sustentabilidade nas redes, além dos produtos, justamente para ser também, um canal de informação, educação e conscientização a respeito do assunto, e fazer a economia circular pelo consumo consciente. Se continuarmos comprando de maneira desenfreada, viveremos em um mundo de escassez – conclui a designer.
Para quem quiser ficar ligado no lançamento, outras informações serão publicadas em breve no perfil que a marca possui no Instagram @ateliepieraportela.
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