Artista petropolitana rap, Maria Guerra na Fundição progresso rap

Após algumas pausas, artista petropolitana se prepara pra voltar pra cena do rap

Parceria com gravadora musical da cidade já vem sendo estruturada

Camila Caetano – especial para o Diário

Já se sabe que as referências que recebemos na infância, influenciam bastante na nossa formação adulta. Pelo menos, na vida de Maria Guerra, essa premissa se tornou uma verdade, assim como todo sonho que expressamos o desejo em materializá-lo. Cercada por um universo artístico desde criança, sua vontade não poderia ser diferente. Além de cantar rap, ela também escreve poesia, e é uma das mulheres pioneiras desse gênero musical na cidade, visto que, a atmosfera do rap, assim como muitas outras, é uma daquelas predominadas majoritariamente por homens, exigindo, além de talento, um esforço muito maior das mulheres que desejam seguir por esse caminho. Mesmo não sendo nada fácil, Maria está muito longe de desistir. Apesar das más experiências que obteve com gravadoras e produtores anteriormente, ela afirma que, após a pausa que tem feito recentemente em função da maternidade, nada poderá pará-la após isso.

Hoje, aos 27 anos, ela tem voltado com força total pra essa cena, e vem estruturando uma parceria com uma gravadora da cidade.

Apesar de ser nascida e criada em Petrópolis, aos 20 anos, Maria foi morar no Rio de Janeiro, para fazer faculdade de produção cultural na Universidade Federal Fluminense de Rio das Ostras, onde, após um período, trancou a mesma para cursar jornalismo na Facha (Faculdades Integradas Hélio Afonso). Segundo ela, o Rio de Janeiro também foi palco de uma das suas maiores experiências. Por lá, ela realizou um show na cidade de Campo Grande, no Dia Internacional da Mulher, com cerca de 3.000 espectadores. Além deste, ela também teve participações igualmente especiais, como por exemplo, num evento do Durango Kid, e quando foi Mestre de Cerimônia no lançamento de um livro, em que a ocasião recebeu o nome de “Tagarela”.

– Desde pequena, sempre gostei muito de ler.

Os livros foram meus melhores amigos na infância. Na minha família todas as pessoas sempre foram muito musicais. Eu participei do coral quando era criança, e aprendi a tocar flauta sozinha, vendo minhas irmãs tocarem. Meu pai também sempre tocou violão. Nosso natal sempre foi muito musical, a gente se apresentava. No ensino médio comecei a me destacar em redação, e a me interessar muito por escrever, tive professores muito bons de literatura e eu mantinha contato com eles. Uma das minhas professoras sempre falava das letras do Chico Buarque, e, quando parei pra estudá-las, elas mexeram muito comigo.

Aos 20 anos fui morar no Rio de Janeiro para estudar jornalismo, mas, não me formei. A partir, daí comecei a escrever umas coisas que eu pensava – contou Maria, que continuou:- Em Petrópolis comecei a me envolver com a Nação Hip Hop, me apresentei em várias rodas culturais, tanto de música quanto de poesia. Parei de cantar um pouco, por precisar de outras pessoas, e assim me dediquei a escrever com mais força, pois, acreditava que era mais difícil ter uma boa composição, me expressar de verdade e não me vender. Quando fui pro Rio, também batalhei em algumas rodas, mas, com um tempo, também deixei isso um pouco de lado, e entrei em um processo de gravação do meu disco em meados de 2017 – informou a artista, salientando que quando trancou a faculdade, trabalhava em um shopping e estava investindo na sua carreira.

Além disso ela se apresentava todas as segundas-feiras na Sinuca de Gambina.

Maria sempre cantou rap, mas, usava uns samples de MPB para explorar a sua voz. Suas composições escritas costumam retratar algumas questões sacudais da vida, bem como críticas à atual sociedade, às suas desigualdades, transformações internas, entre outros desdobramentos da natureza das mulheres – assuntos que se fazem extremamente necessários nos dias de hoje, principalmente se levarmos em consideração, que o machismo foi um dos inibidores do processo de gravação do disco da artista. Apesar das pausas, os acontecimentos negativos não foram suficientes para fazer com que ela abandonasse a cena de vez, pelo contrário. Todas os ventos que sopraram contra impulsionaram ainda mais o futuro de Maria.

– No processo de gravação do meu disco sofri muito machismo, perdi muito dinheiro pros produtores. Eu trabalhava fora, e, quando chegava nos estúdios só tinham homens.

Eu sempre ficava por último, meu trabalho sempre atrasava, as pessoas nunca tiveram muito compromisso comigo. Era um ambiente muito masculino e isso foi me decepcionando um pouco. Aí eu mantive outros focos na minha vida, mas, continuei escrevendo pra mim, publicando no Instagram, participando de saraus, e corujão da poesia. No decorrer do tempo engravidei e tive meu bebê em plena pandemia. O parto foi em casa, numa cidade do interior de Minas Gerais. Hoje me sinto muito mais potente, sinto que o parto foi muito importante, pois, além de tudo, ele foi natural, eu que fui a protagonista. Foi a primeira vez que percebi que não precisava da figura masculina interferindo em nada. Eu fui criada pelo meu pai, então essa figura era muito forte pra mim – reforçou.

Artista petropolitana rap Maria Guerra, Cercada por um universo artístico desde criança, sua vontade não poderia ser diferente. Além de cantar rap, ela também escreve poesia, e é uma das mulheres pioneiras desse gênero musical na cidade.

Parceria com a Boom Lab:

Segundo Maria, o caso Mari Ferrer gerou nela uma revolta que fez com que voltasse a escrever. Ela conta que seu foco agora é a maternidade, mas, vem se articulando com a Boom Lab Music, gravadora musical do município, para dar sequência aos seus trabalhos.

– Ser mãe fez com que eu desse um salto quântico em relação à visão de vida, mas, com isso, tive um bloqueio criativo também. Voltei a escrever essa semana com a história da Mari Ferrer, fiquei muito revoltada. A última poesia que eu tinha escrito havia sido em março desse ano. Voltei pra Petrópolis depois que o bebê nasceu e estou pensando o que fazer em relação ao trabalho, mas, focada no meu filho. Estou em contato com a Boom Lab, e estamos conversando pra ver se os projetos se encaixam – informou a artista, que destacou:- Eu espero gerar uma reflexão sobre nosso comportamento, em relação aos recursos que usamos, nossos privilégios, como somos conduzidos a certos pensamentos e comportamentos por conta dessa “cyber-comunicação”. Agora também não tenho mais o receio de me colocar e me posicionar – concluiu a artista, contente com a forma que sua vida tem se encaminhado.

Vale destacar, que em seu Instagram, Maria também publica algumas poesias. Para quem quiser conferir, ela pode ser encontrada por lá como @diasdemariah. Pesquisando a “#diasdemaria” nesta rede social, também é possível encontrar alguns de seus textos.

Em breve, ela afirma que lançará um canal no YouTube.

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